ICMBio fez balanço do trabalho de manejo da espécie invasora realizado na ilha. Desde 2020 já foram capturados 154 indivíduos da espécie. Mergulhadores realizaram a captura em Noronha
Pamella Rech/Barracudas
Uma operação especial foi realizada no final de semana, em Fernando de Noronha, pela operadora Sea Paradise e foram capturados 24 peixes-leão, espécie invasora e venenosa. Com novos dados, o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) divulgou, nesta segunda-feira (24), que já foram capturados um total 154 peixes-leão desde que o primeiro animal da espécie foi pego na ilha, em dezembro de 2020.
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O nome científico do peixe é Pterois volitans. Essa espécie tem espinhos que contêm uma toxina que pode causar febre, vermelhidão e até convulsões nos seres humanos.
O animal é predador e pode consumir espécies endêmicas, que só ocorrem nessa região, além de causar um desequilíbrio ecológico.
Peixe-leão é invasor e venenoso
Fábio Borges/Acervo pessoal
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A bióloga Clara Buck, integrante da equipe de pesquisa do ICMBio em Fernando de Noronha, informou que após a captura, os animais são encaminhando para estudo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Universidade Federal Fluminense (UFF) e na California Academy, nos Estados Unidos.
“Nós encaminhamos o material para entendermos melhor a biologia da espécie em Fernando de Noronha, com análise do que o peixe se alimenta, tamanho, reprodução e velocidade que ocorre o crescimento populacional, além de genética dos indivíduos”, declarou Clara Buck.
A pesquisadora informou que o manejo do peixe-leão na ilha é realizado com apoio dos mergulhadores das operadoras. Os profissionais foram treinados e atuam no dia a dia no mar.
Uma vez por mês os instrutores de mergulho também participam de uma ação conjunta com o ICMBio em pontos onde não ocorrem mergulhos comerciais, na área do Parque Nacional Marinho.
“Além disso, duas expedições com mergulho técnico foram realizadas com a finalidade de identificar e capturar indivíduos em áreas profundas. A primeira expedição, em janeiro, contou com nove indivíduos capturados; a segunda expedição, em abril, contabilizou 24 capturas”, disse a pesquisadora do ICMBio.
Peixes capturados foram entregues ao ICMBio
ICMBio Noronh/Divulgação
Clara Buck informou que essas expedições em áreas profundas são de grande importância para o manejo.
O peixe-leão pode ser encontrado em regiões com até 300 metros de profundidade. Os indivíduos das áreas mais profundas podem contribuir com o aumento populacional e a ocupação das áreas rasas.
A biólogo ressaltou que todos os mergulhadores e empresas que contribuem para a execução do plano de manejo têm autorização especial para portar o equipamento de captura do peixe-leão.
A caça submarina é proibida nas unidades de conservação de Fernando de Noronha, que são o Parque Nacional Marinho e a Área de Proteção Ambiental (APA).
A expectativa dos pesquisadores é que população do peixe-leão siga em crescimento.
“Esperamos que a população continue aumentando nos próximos anos. A espécie tem grande capacidade reprodutiva; esse peixe pode colocar até 30 mil ovos por mês”, falou Clara Buck.
Em Fernando de Noronha ainda não são aplicadas outras alternativas do plano de manejo da espécie. A pesquisadora informou que não está descartada a aplicação de medidas como a introdução do peixe-leão na alimentação dos moradores, testes com armadilhas específicas em áreas profundas, entre outras.
“Essas medidas de manejo, quando aplicadas em conjunto, são muito efetivas e fundamentais para o controle populacional do peixe-leão. As alternativas são aplicadas em outros locais do [Oceano] Atlântico que passaram pela situação que estamos passando “, revelou Clara Buck.
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