O S20 (Science20), braço científico do G20, divulgou nesta terça-feira (2) um documento de recomendações para os governos dos membros participantes. Entre as propostas, está a do esforço em criar e compartilhar bancos de dados científicos valiosos e bem curados, com ajuda da inteligência artificial (IA), entre os membros.
O tema do encontro de 2024, que aconteceu no Rio de Janeiro, foi “ciência para a transformação mundial”. As diretrizes elaboradas são relativas ao papel e desenvolvimento da ciência e dos cientistas sobre temas atuais, como bioeconomia, transição energética, saúde, justiça social, além da inteligência artificial.
Os presidentes das academias de ciências dos países membros devem assinar o documento até o dia 19 deste mês, comprometendo-se a implementar o máximo das recomendações.
“Os cientistas do G20 querem alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável”, afirmou Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Sem ciência, não há desenvolvimento.”
No eixo temático sobre inteligência artificial, o S20 sugere a criação de políticas para garantir a segurança no emprego e direitos dos trabalhadores. “Essas políticas devem ser flexíveis e adaptáveis e fundamentadas em princípios éticos compartilhados, o que garantirá inovação enquanto reduz os riscos sociais”, aponta o documento.
Outra recomendação é que os países estabeleçam regulamentações para IA, padrões de governança de dados e estruturas intergovernamentais para supervisionar tecnologias de IA que possam operar além do controle ou supervisão humana.
Na parte sobre bioeconomia, a equipe de trabalho do S20 recomenda que os países do G20 cheguem a um consenso sobre o papel da bioeconomia como uma das estratégias para enfrentar as mudanças climáticas e suas consequências. Os membros devem formular um quadro de políticas conjuntas que permita aos países implementar programas de bioeconomia, investir em inovações sociais e tecnológicas, compartilhar conhecimentos críticos, melhorar a qualidade de vida e proteger os recursos naturais.
Os esforços para a transição energética devem ser voltados para reduzir emissões e aumentar o uso de fontes com baixas emissões, incluindo energia nuclear e renovável. A captura, utilização e armazenamento de carbono, junto com outras estratégias relacionadas, devem ser utilizadas para minimizar as emissões de CO2 dos combustíveis fósseis.
Entre os desafios da saúde a serem enfrentados estão o acesso a vacinas, medicamentos e ferramentas de diagnóstico essenciais a todos. O grupo recomenda que haja desenvolvimento de pesquisa e inovação, com compartilhamento de conhecimento e transferência de tecnologia, nesse campo. Estratégias de comunicação e políticas de promoção de estilos de vida saudáveis também são propostas.
No eixo sobre justiça social, o grupo indica a expansão de infraestrutura para acesso universal à internet, aumento da alfabetização digital e formulação de abordagens inclusivas e equitativas para o desenvolvimento digital. Os membros também devem prevenir a disseminação de desinformação relacionada à ciência nos meios de comunicação digital por meio de estratégias nacionais, regionais e globais, que envolvam as comunidades científicas e a sociedade civil.
“Espero que o Brasil consiga liderar a implementação dessas recomendações, a ciência é relevante no país e, sem ela, não há justiça social”, diz Nader.