A moeda norte-americana teve alta de 1,16%, cotada em R$ 5,4534. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos. Dólar
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O dólar fechou em alta nesta terça-feira (25), voltando ao patamar dos R$ 5,45. Investidores repercutiram os sinais da condução da taxa básica de juros brasileira, a Selic, presentes na ata da última reunião do Copom divulgada hoje.
A ata da reunião mostra que o grupo avaliou que “eventuais ajustes futuros” na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Para analistas, o texto confirma que os juros brasileiros ficarão mais altos por mais tempo, em meio ao cenário de dificuldade de trazer a inflação de volta para a casa dos 3%, além de BC não fechar a porta para aumentos. (entenda mais abaixo)
Além disso, o mercado espera novos dados de inflação aqui e no exterior para entender o futuro dos juros na economia global. A declaração de uma diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também reiterou que os juros americanos devem permanecer altos por mais tempo.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar avançou 1,16%, cotado a R$ 5,4534. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,4564. Veja mais cotações.
Com o resultado de hoje, acumulou ganhos de:
0,23% na semana;
3,89% no mês; e
12,38% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 5,3909.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos.
Com o resultado de hoje, acumulou:
alta de 0,82% na semana;
ganhos de 0,19% no mês; e
perdas de 8,83% no ano.
Na véspera, o índice fechou com alta, aos 122.636 pontos.
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O que está mexendo com os mercados?
O destaque na agenda nacional nesta terça-feira (25) ficou com a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Após sete reduções seguidas na taxa Selic o colegiado decidiu fazer uma pausa no ciclo de cortes e manter os juros em 10,50% ao ano.
A decisão veio em linha com as atuais expectativas do mercado, mas ainda representa uma previsão maior de juros para 2024 em relação ao observado no começo do ano, além de indicativos de que os riscos que o BC leva em conta para mexer na Selic estão mais preocupantes.
O comitê informou, no documento, que o controle das estimativas de inflação, que estão em alta, requer uma “atuação firme” da autoridade monetária, e acrescentou que se manterá “vigilante”.
Além disso, avaliou que “eventuais ajustes futuros” na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
A instituição disse que seu papel na fixação da taxa de juros é técnico, e que busca conter a inflação e colocá-la dentro da meta de 3% para 2024, podendo variar entre 1,5% e 4,5%.
Até maio deste ano, a inflação acumulada em 12 meses era de 3,93%, enquanto o acumulado em 2024, até aqui, era de 2,27%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas as expectativas do mercado vêm piorando, o que acende um alerta dentro do BC.
“O cenário das contas públicas ainda é um grande problema, e estamos entrando em período eleitoral e de possível aumento de gastos. Essa é uma preocupação do Copom e do mercado financeiro”, diz Helena Veronese, economista-chefe da B. Side Investimentos.
“Além disso, o BC trouxe projeções de inflação mais altas, que podem em breve ultrapassar o teto da meta. Isso piora a percepção de risco da economia e impacta o câmbio”, explica.
Apesar de os números ainda mostrarem uma inflação dentro da meta, o IPCA vem acelerando nos últimos meses e, em maio, subiu acima das expectativas do mercado: alta de 0,46%, contra projeções de 0,42%.
A alta foi puxada, sobretudo, pelos aumentos expressivos nos preços dos alimentos. A alta do dólar também gera preocupação, tendo em vista que boa parte dos produtos consumidos no Brasil são importados e, com a moeda americana mais cara, os preços também tendem a subir.
“Ficou nítida a preocupação do comitê em criar uma mensagem dura o suficiente com vistas a pelo menos iniciar o processo de recuperação de sua credibilidade e, consequentemente, estabilizar as expectativas no médio e longo prazo”, destaca Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
Para Leonado Costa, economista do ASA, a ata indica um “aumento da incerteza do cenário, com piora no ambiente externo e na ancoragem das expectativas” de inflação, que agora estão em níveis mais distantes da meta de 3%.
Além disso, diz o economista, confirma a interrupção do ciclo de quedas e manutenção de uma taxa Selic mais alta, em um patamar contracionista para a economia, até que se consolide o processo de desinflação após esse repique.
Também nesta terça-feira, a diretora do Federal Reserve Michelle Bowman reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros dos Estados Unidos estável “por algum tempo” provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle.
Juros mais altos nos Estados Unidos tornam os emergentes menos atrativos, o que inclui o Brasil. Assim, os investidores levam investimentos para economias desenvolvidas e o real tende a se desvalorizar ainda mais.
“A inflação nos EUA continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva”, disse Bowman em comentários preparados para uma apresentação em Londres.
Bowman disse ainda que conflitos regionais podem pressionar para cima os preços da energia e dos alimentos, e condições financeiras mais frouxas ou estímulos fiscais também podem estimular a inflação.
“Se os dados que estão chegando indicarem que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à nossa meta de 2%, será apropriado em algum momento reduzir gradualmente a taxa de juros para evitar que a política monetária se torne excessivamente restritiva”, disse ela.
Entretanto, Bowman destacou que a economia “ainda” não chegou a esse ponto, acrescentando que “permanecerá cautelosa” em sua abordagem da política monetária e previu que os bancos centrais de outros países poderão afrouxar mais cedo ou mais rapidamente do que o Fed.
Entre os dados econômicos, a confiança do consumidor dos Estados Unidos diminuiu ligeiramente em junho em meio a preocupações com as perspectivas econômicas, mas menos do que o mercado esperava para indicar um controle da inflação por lá.
O Conference Board disse que seu índice de confiança do consumidor diminuiu para 100,4 este mês, de 101,3 em maio em dado revisado. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice cairia para 100,0 em relação aos 102,0 em maio relatados anteriormente.
Amanhã, o mercado nacional analisará na quarta-feira novos dados do IPCA-15 para junho, com expectativa de analistas consultados pela Reuters de alta de 0,45% na base mensal, ante 0,44% no mês anterior.
No cenário externo, os investidores estarão atentos à divulgação na sexta-feira de números do índice PCE de maio, o indicador de inflação preferido do Federal Reserve. Analistas projetam estabilidade, ante alta de 0,3% em abril.