Não é todo dia que você recebe um convite para o casamento da melhor cozinheira do mundo.
Pois comigo aconteceu, e de forma completamente inesperada, na noite de quarta-feira.
Encontrei Janaina Torres do lado de fora da cerimônia de premiação da revista Prazeres da Mesa. Ainda não a tinha visto desde que foi escolhida melhor chef mulher do mundo, pelo ranking 50 Best Restaurants. Fui cumprimentá-la:
“Parabéns etc. etc.”
“Que ir ao meu casamento?”
Tá de brincadeira?
Ainda mandei um zap para Janaina perguntando se o convite era sério.
Na resposta, ela anexou o convite que pedia traje em tons claros.
E não é todo dia que tenho a chance de bancar o colunista social. Então vamos lá.
No sábado, após comprar uma calça, cheguei ao edifício Renata pouco depois das 14h.
A noiva subiu pelo elevador um pouco antes, mas deve ter ido se produzir num canto escondido.
Para abrir os trabalhos, uma caipirinha –especialidade do Bar da Dona Onça. Fui na de três limões, mas havia também a de limão com caju e a onça-pintada, de maracujá com tangerina, além de drinques como o caju amigo.
O bufê ainda não estava posto, então me servi de um prato de presunto cru Gran Nero, feito em Flores da Cunha (RS), que estava sendo cortado ao vivo no meio do salão.
Várias cadeiras estavam alinhadas ao lado de piscina do restaurante Parador, todas viradas para o púlpito improvisado no fundo do terraço. Garçons circulavam com salgadinhos: bolinha de queijo, bolinho de espinafre e um ótimo risole de moqueca de camarão.
Passava também o espumante Lírica Crua Brut Nature, da Serra Gaúcha.
Começou a cerimônia. O som, que tocava pérolas como “Masculino e Feminino” (Pepeu Gomes), foi interrompido.
Entraram o novo, os padrinhos e, finalmente, a noiva Janaina.
Então um pessoal começou a abrir espaço para uma mulher eu chegou de cadeira de rodas. Era a cantora Fafá de Belém. Ela pegou um microfone.
O juiz de paz cumpriu o rito de praxe, no qual anunciou algo inusual: Janaina, que passara anos usando o sobrenome do ex-marido, era quem emprestaria o “Torres” para o noivo Leandro.
Fafá empunhou seu microfone e cantou “Nossa Senhora”, de Roberto Carlos.
No prédio do outro lado da rua, onde funciona a balada Tokyo, o pessoal se amontoava na janela para acompanhar o casório. Os noivos a padrinhada retribuíram com acenos.
Vieram discursos emocionados, com destaque para o da madrinha Dona Carmen Virgínia (do restaurante Altar) e o da própria Janaína.
Entrou então o cantor Tobias, uma passista e alguns integrantes da bateria da Vai-Vai, escola de samba da noiva.
Hora de forrar o estômago.
Um bufê quente tinha um nhoque ao sugo, apelidado de “nhoque do Leandro”, um cozido de frango, carne de vaca, linguiça, feijão-fradinho e legumes e o célebre estrogonofe da Dona Onça com a insuperável batata-palha da Janaina.
O espumante nacional foi substituído pelo champanhe Moët et Chandon. Também era servido o vinho tinto Vale da Pedra, um syrah da Guaspari, de Espírito Santo do Pinhal (SP).
Do lado de fora, o samba estava a toda, assim como o serviço de espetinhos de carne, linguiça e coração.
Ao cair da noite, os noivos cortaram o bolo, e Janaina abriu uma garrafa de champanhe pelo método sabrage –cortando o pescoço da garrafa.
Mais tarde, eu encontraria a mesma garrafa, mutilada e quase cheia, abandonada na mesa. Adotei-a para mim.
E o casamento prosseguiu do jeito que vão as festas de casamento quando são boas: com gente bêbada e alegre fazendo coisas de gente bêbada e alegre.
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