Dois delatores entregaram esquema da Americanas à PF

Eles compartilharam com os policiais e-mails e mensagens que serviram como meio de obtenção de provas. Polícia acionou autoridades estrangeiras para localizar dois investigados, considerados foragidos. Camila: Dois delatores entregaram esquema da Americanas
Dois funcionários das Lojas Americanas fecharam delação e entregaram todo o esquema investigado na Operação Disclosure, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (27) — da qual 14 ex-executivos são alvo (leia mais abaixo).
As delações serviram de meio de obtenção de prova. Eles entregaram e-mails e mensagens. A PF, então, confirmou as informações a partir de diligências.
Entre os investigados estão Miguel Gutierres, que era CEO, e está na Espanha; e Anna Cristina Ramos Saicali, que era diretora, e está em Portugal.
A PF já está em contato com as autoridades dos dois países, pois ambos são considerados foragidos.
Ex-executivos do grupo Americanas são alvo de operação da PF
Esquema
Catorze ex-executivos das Lojas Americanas são alvo da operação que investiga fraudes contábeis de R$ 25 bilhões dentro da empresa. Os investigados são:
Foragidos
Anna Christina Ramos Saicali
Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, ex-CEO
Alvos de buscas
Anna Christina da Silva Sotero
Carlos Eduardo Rosalba Padilha
Fabien Pereira Picavet
Fábio da Silva Abrate
Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira
João Guerra Duarte Neto
José Timotheo de Barros
Luiz Augusto Saraiva Henriques
Marcio Cruz Meirelles
Maria Christina Ferreira do Nascimento
Murilo dos Santos Correa
Raoni Lapagesse Franco Fabiano
De acordo com a PF, a fraude maquiou os resultados financeiros do conglomerado a fim de demonstrar um falso aumento de caixa e consequentemente valorizar artificialmente as ações das Americanas na bolsa.
Com esses números manipulados, segundo a PF, os executivos recebiam bônus milionários por desempenho e obtinham lucros ao vender as ações infladas no mercado financeiro.
A operação é fruto de investigação iniciada em janeiro de 2023, após a empresa ter comunicado a existência de “inúmeras inconsistências contábeis” e um rombo patrimonial estimado, inicialmente, em R$ 20 bilhões. Mais tarde, a Americanas revelou que a dívida chegava a R$ 43 bilhões.
Foram identificados vários crimes, como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada (ou insider trading), associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, os alvos poderão pegar até 26 anos de prisão.
A força-tarefa contou com procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e representantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A atual administração do Grupo Americanas também contribuiu com o compartilhamento de informações da empresa.
Disclosure, expressão utilizada pela Polícia Federal para designar a operação, é um termo do mercado de capitais referente ao fornecimento de informações para todos os interessados na situação de uma companhia e tem relação com a necessidade de transparência das empresas de capital aberto.

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