A Independência da Bahia é comemorada hoje, dia 2 de julho. Para compreender o significado desta data é precisa voltar mais de duzentos anos na história. O movimento de revolta dos baianos contra as autoridades portuguesas iniciou em fevereiro de 1822. Alguns meses antes da independência do Brasil, que aconteceu em setembro do mesmo ano.
Com o clima de insatisfação crescente contra a Coroa Portuguesa, 3 vilas baianas, Santo Amaro, São Francisco do Conde e Cachoeira, se manifestaram contra o domínio europeu, o que enfureceu Madeira de Melo, o general português que comandavas as tropas leias à coroa. Por conta disso, ele ordenou o ataque a uma dessas vilas, mas a reação popular foi intensa e a empreitada militar fracassou.
Esse evento deu origem a uma série de batalhas no solo baiano. Estes conflitos foram marcados pelas histórias de três mulheres, até hoje lembradas no imaginário popular da Bahia, Maria Felipa, Maria Quitéria e Joana Angélica. Veja um pouco da história delas!
Maria Felipa
Maria Felipa é uma personagem cercada de mistérios, tanto por conta da escassez de documento históricos, quanto pela vastidão de feitos atribuídos a ela. A história contada é que ela foi um mulher negra, liberta, que atuou diretamente nas batalhas contra os portugueses.
Contam de navios que ela incendiou, de uma tropa composta por até 40 homens e mulheres comandada por ela e, um dos relatos mais marcantes, é a surra de cansanção que ela e mais um grupo de baianas teria dado em soldados portugueses.
Cansanção é uma planta urticante que pode causar queimaduras dependendo da intensidade do contato com a pele. Também falam sobre sua habilidade na capoeira e que ela vigiava as praias baianas durante a época do conflito.
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Entretanto, há pouca documentação histórica referente a ela. O registro que chega mais próximo das histórias contadas é de uma mulher (chamada Maria Felipa), décadas depois da Independência da Bahia, que agrediu um homem por atacar a sua filha.
Maria Quitéria
Maria Quitéria foi a primeira mulher a ingressar nas Forças Armadas Brasileiras. Ela fingiu ser homem para poder ingressar no exército e lutar na guerra, usou o pseudônimo de Soldado Medeiros.
Mesmo após ter a sua identidade revelada, seus oficiais permitiram que ela continuasse no exército devido a sua disciplina e sua habilidade com as armas. Sua iniciativa foi inspiradora e fez mais mulheres ingressarem nas tropas para serem comandadas por ela nos campos de batalha.
Depois da guerra, Maria Quitéria casou-se e teve um filha, chamada Luisa Maria. No dia 21 de agosto de 1853, faleceu e foi enterrada sem grandes homenagens. 100 anos após sua morte, foi estabelecido que seu retrato estivesse em todas as repartições do exército brasileiro.
Joana Angélica
Heroína da Independência e mártir, Joana foi morta por um golpe de baioneta por tentar defender seu convento de tropas portuguesas. Historiadores declaram que sua atitude de enfrentar o exército lusitano não tinha o contexto político da época, seu objetivo era proteger suas irmãs e o local que ela considerava sagrado.
Alguns setores da Igreja Católica defendem a sua postulação como beata e, posteriormente, como santa. Caso sua morte seja considerada oficialmente um martírio, não é necessária a comprovação de milagres.
Por Tiago Vechi
Jornalista